terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Entre o egoísmo e o amor próprio


“Egoísmo e amor-próprio, longe de serem idênticos, são de fato opostos. A pessoa egoísta não ama a si mesma demasiadamente, mas muito pouco” (ERICH FROMM)
Muitas pessoas confundem o amor próprio com o egoísmo apesar de ser uma linha tênue para aqueles que não sabem diferencia-lo. É comum ouvirmos mensagens sobre amor próprio em livros, DVDs ou de pessoas, dando ênfase de que devemos nos amor sobre todas as coisas e pessoas.
A má interpretação do amor próprio é um dos entraves do perdão, também uma das explicações para o tratar mal o próximo. É comum vermos pessoas sendo aconselhadas a não “se rebaixar” para mostrar que tem amor próprio, mas o estranho é que a pessoa que decide por assim fazê-lo geralmente não consegue cumprir.
Decidir de acordo com o seu próprio benefício e pensar primeiro em você sem olhar para consequências na vida do outro é egoísmo. Vamos imaginar uma situação na qual é muito comum acontecer e que as pessoas costumam confundir amor próprio do egoísmo: crise no relacionamento. Geralmente uma das pessoas decide evitar a outra para mostrar que tem “amor próprio” e consequentemente gera sofrimento no outro para aprender a lição. Toda a ação está baseada no próprio desejo de reconhecimento e de evitar o abandono. A consequência da situação é o sofrimento proposital do outro, como um pagamento na mesma proporção (ou maior), o que caracteriza um egoísmo.
Quando temos amor próprio sabemos quem somos e sabemos onde podemos chegar e mediante a uma injustiça ou aborrecimento preferimos pacificar ao invés de entrar em guerra. Queremos o bem do próximo assim como desejamos em nossas vidas. A atitude de amor próprio no exemplo dado seria em meio à crise no relacionamento pensar na decisão onde pacificaria mesmo que um saia perdendo e que este deva ser quem tem mais amor próprio pois a recuperação seria bem mais rápida.   
Em um atendimento a uma mulher que foi traída pelo namorado, percebi que a fonte de toda a somatização e angustia estava no conflito em querer defender o seu amor próprio. Uma vez que apresentei a versão de que uma vez tendo amor próprio não seria mais necessário ter que defende-lo e uma vez se amando o desejo de que o outro se dê bem iria brotar dentro dela. Foi o que aconteceu! Ela perdoou e liberou a vida dele para que fosse feliz o abençoando, como consequência deste comportamento o rapaz seguiu o seu caminho e ela algum tempo depois encontrou o verdadeiro amor de sua vida.
Para mim a melhor explicação de amor próprio foi dada pelo Mestre da sabedoria: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Jesus sabia que as pessoas tinham dificuldade de saber até onde era amor próprio ou egoísmo, então mostrou que o amor ao próximo era equivalente ao amor próprio. Colocou o amar o próximo em primeiro lugar pois seria um termômetro de que realmente estaríamos amando a nós mesmos.
Realmente a minha paciente não tinha amor próprio, um dos sintomas era querer o mal do próximo mesmo sobre razão humana, mas ao entender que estar bem consigo tinha como consequência conseguir amar o próximo se libertou de muitos traumas até o de não se sentir amada pelas pessoas.
Quando eu amo o próximo a ponto de não querer provar que estou certo, faz com que eu zele pela minha saúde emocional e espiritual, fazendo bem para mim, automaticamente tendo amor próprio. Quando eu cuido do outro seja dirigindo cautelosamente, respeitando sua opinião, oferecendo ajuda, sendo pacífico, amando incondicionalmente; na verdade estou me amando e livrando o meu corpo de sofrer com as consequências que o egoísmo acarreta.

Desafio você a se amar, tendo como termômetro o quanto você está fazendo bem ao seu próximo!  

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