quarta-feira, 20 de junho de 2012

Corajosos



“A coragem nunca foi questão de músculos. Ela é uma questão de coração” (Ghandi )

                Quando os meninos do bairro se reuniam para decidir qual teste de coragem seria posto a prova para os candidatos com altos índices de masculinidade eu já tremia. Os testes giravam em torno de: maus tratos aos animais, brigas com desconhecidos, quem fazia o melhor cerol (cortante para linhas de pipas), conquistar uma menina só para mostrar aos outros que conseguiu, atirar pedras na casa de alguém, matar passarinhos com estilingue, entre outros.
            Aos “medrosos” que se recusavam restava a sentença de ser classificado como marica ou bebezinho. Eu era um deles! Os rituais de masculinidade se estendiam para a sala de aula onde os mais corajosos faziam bagunças, não estudavam, brigavam constantemente e namorava o maior numero de meninas.
           
Havia uma semelhança entre aqueles que conseguiam o posto de valentes, os pais incentivavam as práticas nas quais se orgulhavam em ver seus filhos fazendo. Não era o meu caso e dos outros “covardes” que recebiam dos pais o conselho de: respeitar o próximo, não usar a força física, tratar as mulher com total respeito, estudar muito para ser alguém um dia e tratar os animais com o mesmo respeito que os seres humanos.
            Foi com tristeza que recebi após muitos anos notícias dos amigos de infância, especificamente dos que faziam parte do clube dos corajosos. Dois estavam presos, outro foi assassinado, alguns se envolveram com drogas e as maiorias deles não se deram bem profissionalmente e afetivamente.
            Os testes de coragem continuam fazendo parte da infância de muitos e infelizmente reforçado no mundo dos adultos. As provas mais comuns do atualizado teste de masculinidade são: quem bebe mais, quem conquista mais mulheres e depois larga, quem briga mais (mais forte), quem ganha mais dinheiro, quem tem o carro mais potente, entre outros.
            O conhecimento liberta e encoraja, foi através dele que tive a melhor definição de coragem. Sempre pesquisei sobre os possíveis segredos de pessoas vitoriosas, ou seja, aqueles que têm uma família feliz.
            O termo coragem torna-se distorcido quando os valores de vida são distorcidos. Existe critérios de coragem de ordem neurológica na qual se refere as sensações que tem o objetivo de poupar a vida (segurança individual).
            O meu conceito de coragem é o ato de seguir na contra mão dos valores que a sociedade prega hoje. Então coragem nos dias de hoje é: ter apenas uma mulher e amá-la incondicionalmente, é perdoar mesmo estando certo, é amar o próximo com todas as suas forças, é trabalhar por amor e não necessariamente por dinheiro, é ser correto, não mentir, ser simples, ter uma religião, falar de Deus aos outros, falar de Deus no seu trabalho, ter princípios morais, entre outros.
            Ter coragem é ser o homem da casa, protegendo sua família dos lixos que vem de fora. É ser um bom pai uma boa mãe mesmo que não houve exemplos para isso. É dedicar suas forças e tempo a sua família e para isto muitos convites deverão ser recusados, assim como as tentações, recusá-las requer coragem. Não trair o conjugue em épocas de dificuldade e investir no casamento, contrário do que prega as novelas é um ato de coragem/amor.
            Convido você a fazer parte comigo do grupo dos medrosos e fracassados (para a sociedade). Os que aceitarem o convite ganhará uma medalha do LÍDER deste grupo que também foi taxado de fraco. Na medalha estará estampado ao lado do seu nome o nome do grupo: “CORAJOSOS”.

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