terça-feira, 25 de novembro de 2014

Amores condicionais

A raiz do perfeccionismo encontra-se nos padrões criados pelo individuo para se obter algo desejado, geralmente o amor de alguém”.
            A criança feliz da vida por ter tirado nota 8 na prova não vê a hora de chegar em casa para mostrar aos pais a sua conquista. O momento chega e algo inesperado acontece: os pais cheios de indignação, com olhares de desaprovação dizem para seu filho que ele deveria tirar 10. Após um mês a criança tira dez e certa de que agora sim a viria a aprovação dos pais em forma de elogios, se surpreende novamente ao ouvir que não fez mais que a obrigação! Pais insatisfeitos geram filhos inseguros em relação ao amor, pois lhes são colocados condições para serem aprovados, seja sendo bonzinho na escola ou igual ao filho do vizinho que não dá trabalho (será?).
          
  Por não bastar os pais insatisfeitos na infância e adolescência, também encaram condições para serem inseridos no grupo, onde os meninos devem ser os mais corajosos e desinibidos e as meninas populares ou descoladas. Depois vem os padrões do capitalismo (ter para ser), acompanhado pela moda e modismos temporários.
            Pessoas que não se sentiram amadas pelo que és, mas pelo que faz, crescem querendo buscar a aprovação nos outros, desenvolvendo padrões de comportamento cujo objetivo é buscar a perfeição para serem amadas. Muitos entram em relacionamentos com pessoas inacessíveis ou com dificuldade de expressar sentimento, fechando assim um ciclo de tentativas de conquistar o amor que na verdade não foi sentido na infância.
            O perfeccionismo sentimental é desenvolvido mediante a vivência adquirida nos relacionamentos, na qual a criança cobrada com padrões de comportamento cresce e repassa tais padrões aos seus relacionamentos afetivos. E quem foi muito cobrado passa a cobrar o outro gerando sofrimento nos relacionamentos, além de tristezas e frustrações.
            Vejo muitos pais punindo seus filhos com ausência de amor/carinho, deixando claro que abraços e reconhecimento só vão existir se houver o comportamento desejado por eles. Ensinando distorcidamente que amor só tem quem satisfaz a vontade dos outros, e que a pessoa deve fazer de tudo para agradar para assim receber o amor tão desejado. Mas na verdade quem faz tudo certo?
            Amar os filhos em meio a disciplina é um desafio aos pais e um grande remédio para muitos problemas emocionais, entre eles o perfeccionismo. Amar após punir é a base para que o comportamento de amar ao próximo seja implantado com eficácia.
            Os termos “se você fosse, se melhorar, se tivesse feito melhor”, são sinais de condicionalidade de amor, passando a imagem de que só será amado se uma vez for enquadrado no sistema implantado. Tais sistemas de merecimento exagerado gera o perfeccionismo, e a raiz do perfeccionismo encontra-se nos padrões criados pelo individuo para se obter algo desejado, geralmente o amor de alguém.
            Todos nós somos falhos, errantes e pecadores, nunca iremos chegar a uma perfeição comportamentais, pois quando melhoramos em algo descobrimos que temos mais a melhorar. Assim deve ser o nosso olhar para o próximo, pessoas que tem qualidades e defeitos, acertos e falhas, devem ser amadas incondicionalmente pelo que és em sua essência, assim como nós desejamos ser amados.
            Jesus quando começou a pregar, especificamente em seu sermão do monte, trouxe um ensinamento que contradizia totalmente os altos padrões de exigências pregados na época. A força na fraqueza e a importância dos fracos soaram como heresia para os legalistas de prontidão. Estava ali sendo implantado uma filosofia em que tiraria o fardo das pessoas deixando-as livre dos seus jugos, uma vez que reconhecessem que ninguém merecia o amor de Deus, mas que Ele ama incondicionalmente.

            Assim é o que devemos fazer e pensar, que amar não deve ser uma questão de merecimento mas sim de atitude e quando decidimos amar as pessoas apesar de suas falhas automaticamente tiramos um fardo de nossas costas. Ame!

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