quarta-feira, 9 de abril de 2014

Para que outros possam viver



"Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver” (Martin Luther King)
            Pode parecer estranho, mas para alcançarmos a felicidade e o desenvolvimento emocional e espiritual devemos morrer! A paz, o amor e a esperança surge através da morte.
            Para que pudéssemos saborear uma deliciosa carne, um animal teve que morrer, para que muitas pessoas no passado pudesse se aquecer (com o couro), animais tiveram que morrer, para que pudéssemos usufruir das matérias primas da madeira, arvores tiveram que morrer, para que pudéssemos usufruir de medicações, animais cobaias tiveram que morrer, para que pudéssemos gozar de um país livre, revolucionários morreram, para que haja segurança, homens morrem todos os dias, para que haja socorro as pessoas, homens morrem diariamente e para que tivéssemos vida um Homem morreu por nós!
           
Como vimos, morrer gera vida! Mas o sentido de morte a qual estou me referindo não é a morte física onde os órgãos param de funcionar e sim quando morremos para alguns sentimentos ou situações diariamente. Melhor se explica o morrer como negar a si mesmo.
            Vemos em noticiários que pessoas estão morrendo fisicamente porque não conseguiram morrer emocionalmente antes. Por exemplo nas brigas de transito, se durante um conflito no transito uma das partes negasse a sua ira, negasse a frustação do prejuízo, negasse as frases que já ouviu na vida, como a de não levar desaforo para casa, honrosamente proporcionaria vida.
            Se uma pessoa que foi abandonada e/ou traída, negasse (suportasse) o sofrimento da rejeição, negasse a ira, a vingança, a revolta, morrendo para a situação, automaticamente, deixaria o outro ir em paz, livre para receber da vida as consequências de seu comportamento, não haveria assim morte física e sim vida!
            Se um dos conjugues, negassem o perfeccionismo, os rancores, as suas vontades individualistas, a angustia da não retribuição, a angustia da não mudança do outro, a angustia do tempo passando sem solução, morrendo para as suas carências, não haveria tantos divórcios e sim vida no casamento. Como a morte traz vida, o casamento em que um conjugue nega a si mesmo e ama o outro incondicionalmente há transformações!
            Se os pais, negassem os seus próprios interesses, parte de seu tempo, suportando a frustação das coisas não serem do jeito que querem, suportando a angustia da preocupação, a tristeza do não reconhecimento, a tentação de estar sempre certo e as dores das feridas de sua própria infância, haveria vida no relacionamento com os filhos.
            Se tivessem mais pessoas que negam a si mesmo, negando sua zona de conforto, morrendo para o egoísmo, haveriam assim mais pessoas preocupadas com o sofrimento do próximo, mais pessoas desejosas de amar incondicionalmente o outro.
            Se tivessem mais profissionais, que morressem para o câncer do consumismo, capitalismo competitivo, negando seu orgulho, negando ser o que a sociedade pede, negando ser o que até por muitas vezes os pais ansiavam, existiriam mais profissionais interessados em ajudar e não somente em ganhar dinheiro. Haveriam mais profissionais estendendo a mão ao próximo, independente se tem dinheiro ou não, usariam a capacidade intelectual para proporcionar mais vida ao outro.
            Para que possamos perdoar, devemos morrer, para não nos culparmos, devemos morrer e para fazer outra pessoa feliz, temos que morrer. Quando me perguntam qual o segredo de fazer a minha esposa tão feliz, respondo: eu morri para mim mesmo! Não, não deixei de me amar, me amo mais a cada sorriso dela, a cada sorriso daqueles que ajudo, a cada lágrima de olhos agradecidos, me amo mais quando olho para o céu e sinto a sensação de dever cumprido a cada dia.
            Para que outros possam viver, vale a pena morrer, morrer para o egoísmo, morrer para a mesmice, para as velhas crenças de individualidade, para as bocas que dirão que você é um idiota. Experimente!

            

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