segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Diário de um banana: vencendo e superando o bullying

                   


                   Meu nome é Iris Vieira da Silva, sou Psicólogo (17 anos de formação) Clínico, Hospitalar, Palestrante, Coach educacional e consultor em psicologia no colégio Einstein Assis-SP. Para escrever este artigo peguei emprestado o tema do talentoso Jeff Knney, autor do renomado Diário de um Banana. Identifiquei-me muito com a sua obra através do filme que assisti, onde conta a história de dois meninos vítimas de bullying que ansiavam ser reconhecidos na escola a fim de acabar com o sofrimento.
           
  Confesso que me identifiquei, pois fui um banana! Minha história já começou na pré-escola (São Paulo-SP), eu um menino gordinho com o nome que as pessoas só conheciam mulheres (mas por coincidência tinha um homem na mesma rua), era um prato cheio para gozações. Lembro-me que os meninos mais temidos do pré fizeram um teste para ver quem seria aprovado em seu grupo. Nada mais nada menos os interessados deveriam bater em algum menino que eles não gostavam. Resultado: eu não quis bater em ninguém e sim ter amizade com todos. Veredito: sofri gozações até o final do pré. Minha insatisfação me fez ter comportamentos inadequados que resultou em 4 transferências de sala.
            Na primeira série (como era chamado naquela época), pensei que as coisas iriam melhorar, mas não! Eu continuava gordinho e com nome de mulher (como diziam), muitos me rejeitavam, outros me batiam, mas não era o único, acontecia com outros. Fiz amizade com estes meninos e nos tornamos fiéis companheiros.
             Nos anos seguintes a história prosseguiu, mas sempre fazendo amizades novas com os meninos e meninas excluídos. Na sexta série, tornei-me líder e defensor dos excluídos, os defendia e incentivava a se imporem diante as injustiças que faziam. Em um belo dia uma professora deu notas para o grupo dos brigões e não para os nerds e idiotas (como também chamavam). Fiz uma reclamação que gerou polemica e uma suspensão para mim.
            Na sétima série o menino que mais me batia nos anos anteriores caiu novamente na minha sala, era o terror em pessoa e um Jason para mim. Até o dia em que houve uma excursão e ele foi sem amigo. Lá pediu para fazer parte da turma somente naquele dia, aceitei e ele se tornou meu amigo. Como tinha o menino mais temido da escola como amigo agora, alguns do grupo dos excluídos queriam fazer parte do grupo do terror, mas eu não. Propus a integração dos grupos e incentivei o grupo do terror a pregarem a amizade através do esporte e outras atividades. Deu certo! A união pairou na sala de aula e foi o meu melhor ano antes de me mudar de São Paulo.
           Peguei gosto pela coisa e da oitava ao final do colegial, fui um líder nato e integrador de grupos na escola. Minha fama de apaziguador chegou aos ouvidos dos professores e diretores, que pediam a minha presença nos HTPC para propor soluções de conflitos entre alunos e até alunos e professores.
Nesta época emagreci muito e fiquei cadavérico, mas não tinha gozações. Mas fui deixado de lado no critério desempenho escolar. Sempre fui um aluno com baixo desempenho escolar. Mas, na faculdade, continuei na liderança de classe e nos conselhos de alunos, além de ter sido líder do ônibus e ajudado em conflitos por lá também. Só que na faculdade os professores (que eram psicólogos), percebiam que eu não parava quieto e tinha dificuldade de manter a atenção na aula, mas tirava boas notas. Uma delas resolveu me investigar e após um tempo deu o diagnóstico: TDAH (déficit de atenção e hiperatividade). Era uma explicação para os meus insucessos escolares. Não tinha dinheiro nem tempo para fazer tratamento, por força própria e estudando sobre, consegui driblar as dificuldades. Hoje faço acompanhamento farmacológico para conseguir relaxar, uma vez que a enxurrada de pensamentos não param. Fui considerado um dos melhores alunos na faculdade, os professores falam até hoje da minha história para os atuais alunos. Já realizei algumas pós graduações e estou em mais duas (como bom hiperativo, duas ao mesmo tempo kk). 
           Hoje aos olhos de muitos continuo um banana! Ainda não sei jogar bola muito bem, sou homem de uma só mulher, pai de uma minha filha de 8 anos,  trato elas como duas princesas, estudo muito (continuo nerd), jogo muito vídeo game, sou cristão praticante, honesto e sincero. Se pudesse voltar ao passado, eu não mudaria nada, pois o meu sofrimento em ser excluído ao invés de me tornar uma pessoa revoltada, me fez sentir na pele o que uma pessoa sente por não ser aceita. Também me fez conhecer pessoas incríveis, mas que estavam no anonimato. Fez-me hoje querer acordar todo dia e olhar para todos os lados a procura de alguém que está sendo rejeitado por alguém ou pela sociedade e ajudar. Fez-me escolher amigos não pelo sobrenome ou pelos bens que tem, mas sim pelo que são por dentro e pelo seu caráter. Hoje coordeno dois projetos sociais na minha cidade onde as escolas é o centro das ações. Me fez enxergar nos diversos recrutamentos e seleção que realizo aqueles com currículos simples ou com alguma dificuldade e dar oportunidades. 
           Seu(s) filho(s) já sofreu bullying ou que está sofrendo, eu te entendo! Além de tomar providencias, olhe para as feridas, mas não se revolte, ajude-os a usar esta triste experiência para superar e ajudar outros que sofrem pelo mesmo. 
               Para mais informações sobre os projetos entre em contato comigo.

Escrevaum

Um comentário:

  1. Muito bacana a sua história. Penso q o q vc passou poderia ser usado nas nossas escolas para combater o bullying.

    ResponderExcluir