terça-feira, 26 de março de 2013

O “ESCOLHIDO”








 Outro transtorno que costumo atender em meu dia a dia é a síndrome do filho escolhido, onde um filho é escolhido pelos pais para carregar toda a carga da família.
            Quando uma família tem mais de um filho (ou somente um) e os pais não tem uma boa estrutura psicológica acabam escolhendo inconsciente ou conscientemente um filho como pilar do lar, responsável este por proteger a casa e salvá-la de todo mal.
         
   Geralmente o escolhido faz a função do pai ausente, em muitos casos é eleito pela mãe para suprir as carências ou inseguranças que sente em relação ao pai. O filho escolhido em meio a uma enxurrada de problemas delegado a ele, ao olhar para os lados percebe que o(s) irmão(s) não tem o mesmo fardo ao que carrega.
            O escolhido é um filho que desde cedo mostrou ter força e uma personalidade forte o suficiente para levar a casa nas costas e cuidar dos pais mesmo estes não necessitando de cuidados. Existem pais que investe na vida do escolhido a fim de tê-lo sempre por perto como uma garantia de um cuidador na futura aposentadoria (de vida). Algo semelhante a um título de capitalização, onde se investe hoje para colher amanha. Uma das fontes de investimento é na imaturidade de vida, incentivando os hábitos de solteiro, pois se o escolhido casar quem irá suprir este buraco. Existem casos que quando o escolhido casa o objetivo passa a ser separá-lo.
            As consequências de um filho escolhido para carregar o fardo familiar são: imaturidade profissional, financeira, espiritual e problema no casamento que entre todos é o mais comum. Também ocorre automaticamente a perca da saúde física e emocional.
            É estranho ver que nas últimas décadas muitos pais tem invertido o esquema de responsabilidades onde ao invés deles cuidarem dos filhos e os prepararem  para a vida, estão criando filhos para tampar suas aflições, frustações e ser companhia eterna lado a lado.
            Em minha opinião o problema ocorre devido a quebra do papel do pai dentro do lar, onde deveria ser o provedor, passando a ser mais um morador sobre a responsabilidade de um filho herói. A mãe por sua vez na ausência de um homem dentro de casa elege um (a) filho (a) para tampar o buraco. O incrível é perceber que hoje esta realidade ocorre em sua maioria com pais novos e com vigor físico e o filho escolhido geralmente são homens. A crise no casamento é um dos ocorridos quando o filho sai de casa, mas, ainda presta serviços além do comum para os pais.
Tudo o que sai da essência sofre consequências, então um filho que deveria ser preparado para enfrentar a vida, sair de casa e se juntar ao conjugue e assim dar inicio a sua história familiar, ao invés disso tenta levar uma vida de marido/esposa e filho escolhido, acabando por não suportar a alta dose de responsabilidades e conflitos.
Os irmãos do escolhido acabam se acostumando em não ter responsabilidade e seguem a sua vida, sempre dependentes dos pais, seja financeiramente ou emocionalmente, sendo sempre socorrido por eles, o que não acontece com o filho escolhido que tem que se virar sozinho, restando somente a ele prestar assistência. Os pais do escolhido ao ver os outros filhos em apuros já acionam o filho herói para socorrê-los, pois afinal são os coitadinhos e fracos ou os que não tiveram as mesmas oportunidades.
Se você se identificou como um filho escolhido aqui vai um conselho: nunca tente convencer seus pais sobre isso, eles não vão entender, a não ser que façam psicoterapia ou sejam abertos para mudança, do contrário mude você e devagar devolva os papéis que não é seu. Devolva ao pai o que é papel dele, entre eles cuidar da mãe. Devolva a mãe o papel dela entre eles, cuidar do pai. No caso de pai ou mãe impossibilitado fisicamente coloque os outros filhos a par de suas responsabilidades.
Se você é um escolhido e é casado, priorize seu casamento e use o companheirismo junto ao conjugue para decidir quando e como ajudar os pais fazendo o papel de filho somente. E para finalizar, invista no seu casamento e em sua saúde emocional para que não venha selecionar um filho para ser o escolhido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário