terça-feira, 12 de maio de 2020

O Poder da Convivência

“O talento molda-se na solidão; o caráter, na convivência” (Johann Goethe)

Se relacionar não é uma tarefa fácil independente com quem seja, de familiares a amigos, o desgaste e os desafios são muitos. Neste período de isolamento social automaticamente querendo ou não o relacionamento é inevitável, gerando conflitos nos ambientes com pessoas menos preparadas para isso. Dentre os assuntos mais comentados na internet nesta pandemia estão os relacionados aos conflitos nos relacionamentos interpessoais e afetivos. Os índices de aumento do divorcio pelo mundo e de violência a mulher comprova que estamos em um momento de crise também nos relacionamentos.    

Minha geração uniu-se ao coro de “é preciso saber viver” com os Titãs, mas infelizmente é uma das gerações marcadas pela solidão, divórcios e falta de habilidade social. Gerações posteriores já declararam falência quando o assunto é relacionamento ou melhor, quando há a necessidade do vinculo ou divisão de espaços.     
A dificuldade de se relacionar tem algumas passiveis causas, entre elas a cultura e a base familiar que não traz consigo o ensinamento sobre a arte de conviver, uma vez que a grande maioria das famílias estão padecendo porque não tem estrutura alguma e vem descendo a ladeira abaixo, seguindo o fluxo cheios de feridas não tratadas. Outra razão da dificuldade é que uma vez detectada a falta de estrutura de berço, estudam sobre tudo, menos sobre comportamento humano e relacionamento afetivo (principalmente casamento).
A maioria das pessoas querem uma solução mágica para os conflito e no impulso cego escolhem o pior caminho que é falar mal, colocar defeito no outro, senão fazer-se de vítima ou abandonar o barco. O filme “A Cabana” ensina com maestria  que para uma pessoa conseguir desarmar, confiar e parar para ouvir primeiro precisa passar pelo tempo da convivência. Na convivência é que o caráter de ambos passam a ser visto de forma mais clara preparando o terreno para o amor. É na convivência que o perdão ganha mais ênfase, que as palavras parecem soar mais suaves, o coração passa a se adaptar ao outro e tudo se torna mais fácil.
Conta-se uma história que ao perguntar para uma senhora mãe de um jovem que fora assassinado, uma vez que o marido já tinha falecido anteriormente deixando-a sozinha, o que ela queria que fizesse com o assassino, ela respondeu: “gostaria que liberasse ele da prisão para almoçar comigo todo domingo”! Mas como assim? Respondeu indignado o Delegado. Ela tornou a falar: “somente convivendo com ele eu poderia perdoá-lo e através da convivência comigo em minha triste solidão, ele poderia entender o que realmente fez comigo”.

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