terça-feira, 5 de abril de 2016

Que Cristianismo estamos vivendo?

              

                               “Amar é não pensar em si mesmo” (Santo Agostinho)
            Estamos na era dos mega templos, do crescimento do número de evangélicos no mundo, do retorno de muitos católicos que antes estavam afastados, do bom relacionamento entre religiões (exceto aos tradicionais). No Brasil religião tem livre acesso as mídias, as praças, nas casas, não havendo perseguições, porque não há uma só religião pelo fato do estado ser laico. Liberdade também para se abrir igrejas, onde não há lei que impeça e nem critérios estabelecidos. Isto faz com que o Brasil seja um dos países com maior número de cristãos e igrejas, então o que melhorou? Quais foram as colaborações?  Porque há tanta dificuldades e desigualdades sociais?
           
          A resposta está bem debaixo do nosso nariz, ou seja, na própria palavra cristão, que significa seguidores/discípulos de Cristo. A transformação social não depende do volume ou quantidade de pessoas que frequentam uma igreja ou fazem parte de uma religião e sim nos comportamentos práticos que Cristo ensinou.
            Hoje muitas igrejas e o cristianismo pregado nada mais é do que fragmentos de megalomania transferida para as quatro paredes do templo. Pessoas mais interessadas em ganhar algo de Deus do que pedir forças para ajudar os que nada tem, pede-se para sair da angustia ao invés de forças para consolar os que choram, excluem pessoas ao invés de ganha-las, ensinam os passos para alcançar a prosperidade ao invés de ensinar como viver uma vida onde a graça de Deus fosse o suficiente.
            O Cristianismo Cristocentrico gira em torno da ajuda aos menos favorecidos, das viúvas e dos órfãos, do combate a injustiça social onde os menos favorecidos carecem enquanto os mais favorecidos pensam apenas em si. Vemos então que este sistema sempre existiu e a chamada do cristianismo é para a reflexão e trilhar na contramão do sistema.
Jesus quando ficou quarenta dias sem comer foi tentado pelo diabo, que teve como estratégia oferecer para Ele a mudança de foco, mostrou a essência da megalomania, o status, a fama, a prosperidade egoísta, Jesus mostrou a ele que o Reino bastava na vida dele e (deveria) para todos os que o seguiriam posteriormente. Jesus orou para que nós conseguíssemos não perder o foco e suportássemos a tentação vindoura.
Mas hoje o que vemos é muitas pessoas caindo nesta tentação de ter para sí, adotando a filosofia: antes minha família ter ou antes o outro chorar do que a minha família ou antes o seu prejuízo do que o meu. Igrejas e pessoas ou pessoas nas igrejas, mais preocupados em comparar a quantidade de membros, o luxo, a fama, as regalias perante as personalidades.
O verdadeiro Cristianismo não depende de religião e sim de uma vida semelhante a de cristo, uma vida voltada para socorrer os mais necessitados, chorando com os que choram para depois sorrir com que sorriem. Não quero neste artigo pregar o moralismo, não, me coloco na condição de pecador, errante, dependente da misericórdia de Deus e grato pela sua graça. Quero mostrar que enquanto muitos fazem guerra, preocupados em aumentar suas riquezas ou desejando ser o maior ministério, muitos estão chorando e clamando por ajuda de alguém que possa dar um pouco de amor e dignidade.
Fazemos jejum muitas vezes para ficarmos fortes espiritualmente ou como ritual para atrair o olhar de Deus para assim ganharmos algo, ao invés de jejuarmos para que o inimigo não nos convença de desviar o foco do outro para o nosso eu, pois amar é pensar mais no outro do que em si mesmo.      

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