“Amar é não pensar em si mesmo” (Santo Agostinho)
Estamos
na era dos mega templos, do crescimento do número de evangélicos no mundo, do
retorno de muitos católicos que antes estavam afastados, do bom relacionamento
entre religiões (exceto aos tradicionais). No Brasil religião tem livre acesso
as mídias, as praças, nas casas, não havendo perseguições, porque não há uma só
religião pelo fato do estado ser laico. Liberdade também para se abrir igrejas,
onde não há lei que impeça e nem critérios estabelecidos. Isto faz com que o
Brasil seja um dos países com maior número de cristãos e igrejas, então o que melhorou?
Quais foram as colaborações? Porque há
tanta dificuldades e desigualdades sociais?
Hoje
muitas igrejas e o cristianismo pregado nada mais é do que fragmentos de
megalomania transferida para as quatro paredes do templo. Pessoas mais
interessadas em ganhar algo de Deus do que pedir forças para ajudar os que nada
tem, pede-se para sair da angustia ao invés de forças para consolar os que
choram, excluem pessoas ao invés de ganha-las, ensinam os passos para alcançar
a prosperidade ao invés de ensinar como viver uma vida onde a graça de Deus
fosse o suficiente.
O
Cristianismo Cristocentrico gira em torno da ajuda aos menos favorecidos, das
viúvas e dos órfãos, do combate a injustiça social onde os menos favorecidos
carecem enquanto os mais favorecidos pensam apenas em si. Vemos então que este
sistema sempre existiu e a chamada do cristianismo é para a reflexão e trilhar
na contramão do sistema.
Jesus quando
ficou quarenta dias sem comer foi tentado pelo diabo, que teve como estratégia
oferecer para Ele a mudança de foco, mostrou a essência da megalomania, o
status, a fama, a prosperidade egoísta, Jesus mostrou a ele que o Reino bastava
na vida dele e (deveria) para todos os que o seguiriam posteriormente. Jesus
orou para que nós conseguíssemos não perder o foco e suportássemos a tentação
vindoura.
Mas hoje o que
vemos é muitas pessoas caindo nesta tentação de ter para sí, adotando a
filosofia: antes minha família ter ou antes o outro chorar do que a minha
família ou antes o seu prejuízo do que o meu. Igrejas e pessoas ou pessoas nas
igrejas, mais preocupados em comparar a quantidade de membros, o luxo, a fama,
as regalias perante as personalidades.
O verdadeiro
Cristianismo não depende de religião e sim de uma vida semelhante a de cristo,
uma vida voltada para socorrer os mais necessitados, chorando com os que choram
para depois sorrir com que sorriem. Não quero neste artigo pregar o moralismo,
não, me coloco na condição de pecador, errante, dependente da misericórdia de
Deus e grato pela sua graça. Quero mostrar que enquanto muitos fazem guerra,
preocupados em aumentar suas riquezas ou desejando ser o maior ministério,
muitos estão chorando e clamando por ajuda de alguém que possa dar um pouco de
amor e dignidade.
Fazemos jejum
muitas vezes para ficarmos fortes espiritualmente ou como ritual para atrair o
olhar de Deus para assim ganharmos algo, ao invés de jejuarmos para que o
inimigo não nos convença de desviar o foco do outro para o nosso eu, pois amar
é pensar mais no outro do que em si mesmo.
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