domingo, 8 de junho de 2025

Ludopatia: a maldição do tigrinho

 Infelizmente tenho atendido muitas pessoas que estão perdendo muito dinheiro e até bens devido aos jogos de azar. Muitas destas histórias acabam em divorcio, tentativa de suicídio e outras tragédias mais. No começo o jogo parece inofensivo, ao passar dos dias torna-se irresistível e assim o ciclo do vício. Não há idade para entrar neste ciclo e os jogos vão desde o tigrinho a máquinas de caça níqueis. A sensação de prazer advindo de sofrimento, ativa o sistema de recompensa do cérebro, que libera dopamina, o neurotransmissor associado ao prazer, potencializando assim o comportamento de busca pelos jogos.
Ludopatia é uma doença que se caracteriza pelo vício em jogos de azar. É também conhecida como Transtorno de Jogo ou ludomania. É reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2018 e já classificada pelos CIDs 10-F63.0 e 11-6C50 como transtorno de jogo. As causas da ludopatia incluem fatores genéticos, biológicos, psicológicos e sociais. Outros fatores incluem depressão, ansiedade, estresse, baixa autoestima e falta de controle sobre as emoções. Muitas pessoas canalizam nos jogos a possibilidade de fuga da realidade, seguindo o mesmo curso das drogas e álcool. Jogos sem ser de azar também podem viciar se fizer o ciclo do vício. Existem aqueles que para dar mais emoção a um jogo simples, como por exemplo, de baralho, colocam valores financeiros como recompensa. Para prevenir essa problemática cabe aos pais observarem seus filhos e procurar ajuda ao perceber tal comportamento: dificuldade para sair do jogo, gastos excessivos com os jogos, agressividade, ansiedade incomum, mentiras para esconder o fato de estar jogando e adoecimento físico e mental. Aos adultos, saber reconhecer que está viciado no jogo e procurar ajuda imediatamente com um profissional da saúde mental, o tratamento da ludopatia é multidisciplinar: psiquiatria, psicologia, suporte familiar e, em alguns casos, medicação.

Iris Vieira da Silva, Psicólogo clinica e hospitalar desde 2005, palestrante profissional, consultor e especialista em prevenção do suicídio e intervenção em crise psicológica. 

 Contato via whatsapp (18) 99633-0578.

O que a série Adolescência (Netflix) tem a nos ensinar?



Sucesso de audiência, a série Adolescência já é uma das mais vistas da Netflix. Polêmica e cirúrgica, coloca adolescentes, pais e profissionais da educação para refletirem sobre o submundo dos adolescentes de hoje. 
A minha leitura da série tem como ponto principal a "comunicação" e a dificuldade apavorante dos adultos de decifrar as mensagens não verbais que essa geração quer dizer. 
O enredo passa do crime para a tentativa de entendimento dos pais, escola e investigadores. Em um jogo de culpado versus inocente, o desafio da convivência com adolescentes coloca o telespectador na berlinda do sentimento de culpa por não saber o que fazer para ajudar. O ator e co-criador da série Stephen Graham ressaltou em uma entrevista: “Somos todos responsáveis, pais, escola, políticos, o sistema educacional, sociedade e a internet.”
Jonathan Haight, autor do best-seller A Geração Ansiosa, afirma que meninos e meninas têm pontos distintos de atenção no ambiente digital. Para os meninos é a violência e a pornografia, e para as meninas, as questões relacionadas à autoestima. 
Entender o adolescente e os desafios da adolescência pode salvar vidas. Procurar ajuda de um especialista ajuda os pais a conseguirem lidar com esta fase que é mais complexa do que imaginamos.

Iris Vieira, psicólogo clínico fenomenológico existencial e palestrante. 
Contato: (18)99633-0578 (somente pelo whatsapp). 


sábado, 7 de junho de 2025

Bebê Reborn e o vazio existencial do momento

Em alguma fase da vida, quase todos nós somos atravessados por uma sensação difícil de nomear: um incômodo silencioso, uma ausência que não tem forma, uma angústia,  um vazio com a sensação de fracasso. O chamado "vazio existencial" não é apenas tristeza ou tédio, é a percepção de que, apesar de tudo o que temos ou fazemos, algo essencial está faltando 

Esse vazio costuma surgir em estadas do desenvolvimento humano e amadurecimento, quando perdemos contato com um sentido maior para a existência. Passamos a questionar o porquê das coisas, o rumo de nossas escolhas, o valor do que conquistamos. Pode ser despertado por uma crise pessoal, o fim de um relacionamento, a perda de alguém querido, ou simplesmente pelo confronto com o silêncio de uma rotina automática e sem propósito.

 Viktor Frankl, sobrevivente de campos de concentração e criador da logoterapia, dizia que o ser humano não é movido pela busca do prazer ou do poder, mas sim pelo desejo de encontrar sentido. Quando esse sentido se perde, o vazio se instala e com ele vêm o cansaço da alma, a apatia e, em casos mais profundos, o sofrimento existencial.

Daí o espaço para os excessos da vida, de vícios a comportamentos não condizente com a maturidade devida. Hoje o que vemos são mães de bebê Reborn e pais de pet. Lógico que existe um patamar saudável, de ter uma boneca como decoração, brinquedo e animais com carinho e dedicação. Mas, fugir da realidade é um sinal que para mim como psicólogo existencialista, trata-se de um vazio existencial.

Mas o vazio existencial também pode ser fértil. Ele nos obriga a olhar para dentro, repensar valores, reconstruir propósitos. É nesse espaço de ausência que podemos plantar novos significados. Às vezes, é preciso sentir esse buraco para entender o que realmente importa.

Encarar o vazio existencial com honestidade e coragem pode nos levar a um encontro mais profundo conosco e a uma vida mais autêntica, consciente e significativa.

Iris Vieira da Silva, psicólogo clínico fenomenológico existencial, logoterapeuta, consultor em psicologia hospitalar, organizacional e palestrante.

www.irisvieirapsicologo.com.br

Além da partida: conheça a síndrome que atinge muitos imigrantes





Tenho desde a pandemia atendido diversos pacientes Brasileiros que residem em outro país, sendo eles: Eua, Irlanda, França, Inglaterra, Portugal, África, Canadá e Japão.
 Dentre as queixas em comum está a “Síndrome de Ulisses”, também conhecida como Síndrome do Imigrante. Trata-se de um quadro de sofrimento psicológico intenso que afeta pessoas em processo de migração. O nome faz alusão ao herói grego Ulisses, que enfrentou inúmeras dificuldades e um longo exílio longe de sua terra natal, Ítaca.
Essa síndrome não é classificada como uma doença mental, mas sim como uma resposta de adaptação patológica a um estresse crônico e multifatorial vivenciado por imigrantes. As causas desse estresse são diversas mas geralmente tem como gatilho a solidão e isolamento social. A falta de redes de apoio, amigos e familiares no novo país gera um profundo sentimento de solidão, dando inicio a um processo de luto. Entendemos luto somente como perda por morte, mas o processo inclui também deixar para traz aquilo que deva sentido de vida no tempo em que viveu na localidade. 
Dentre os fatores que colaboram com o surgimento da síndrome estão:
O medo do fracasso, a incerteza sobre o futuro, dificuldades financeiras e a luta por adaptação podem gerar ansiedade e medo de não alcançar os objetivos da migração. Dificuldades com a língua e cultura: A barreira linguística e a necessidade de se adaptar a novos costumes e normas sociais são fontes significativas de estresse.
Nostalgia: A saudade da terra natal, da família, dos amigos e da cultura de origem é um fator constante de sofrimento.
Experiências traumáticas: Muitos imigrantes vivenciam situações difíceis e até traumáticas durante o processo migratório, como violência, perdas e condições precárias.
Discriminação e xenofobia: A rejeição e o preconceito por parte da sociedade acolhedora intensificam o sofrimento e a sensação de não pertencimento.
Precariedade: A falta de emprego estável, moradia adequada e acesso a serviços básicos aumenta a vulnerabilidade e o estresse.
Os sintomas da Síndrome de Ulisses podem ser variados e se assemelham a quadros de depressão, ansiedade e transtornos dissociativos. Os mais comuns incluem: tristeza profunda e persistente, ansiedade e preocupação excessiva, irritabilidade, dificuldade de concentração e memória, insônia ou sono de má qualidade, fadiga e falta de energia, dores de cabeça e outras dores físicas, sentimento de desesperança e falta de perspectivas, isolamento social e dificuldade em estabelecer vínculos, sentimento de não pertencimento, crises de choro, pensamentos negativos recorrentes, entre outros.
 
Após identificar tais sintomas, deve-se procurar ajuda de um profissional experiente no atendimento a imigrantes. Se você se identificou com esse artigo, entre em contato (18) 99633-0578 e será um prazer ajudar.

Iris Vieira da Silva, 
Psicólogo Clínico e Hospitalar com 20 anos de experiência, palestrante e consultor, especialista em Luto, Depressão e Prevenção do suicídio.