Outro transtorno que costumo atender em
meu dia a dia é a síndrome do filho escolhido, onde um filho é escolhido pelos
pais para carregar toda a carga da família.
Quando
uma família tem mais de um filho (ou somente um) e os pais não tem uma boa
estrutura psicológica acabam escolhendo inconsciente ou conscientemente um
filho como pilar do lar, responsável este por proteger a casa e salvá-la de
todo mal.
O
escolhido é um filho que desde cedo mostrou ter força e uma personalidade forte
o suficiente para levar a casa nas costas e cuidar dos pais mesmo estes não
necessitando de cuidados. Existem pais que investe na vida do escolhido a fim
de tê-lo sempre por perto como uma garantia de um cuidador na futura
aposentadoria (de vida). Algo semelhante a um título de capitalização, onde se
investe hoje para colher amanha. Uma das fontes de investimento é na
imaturidade de vida, incentivando os hábitos de solteiro, pois se o escolhido
casar quem irá suprir este buraco. Existem casos que quando o escolhido casa o
objetivo passa a ser separá-lo.
As
consequências de um filho escolhido para carregar o fardo familiar são:
imaturidade profissional, financeira, espiritual e problema no casamento que
entre todos é o mais comum. Também ocorre automaticamente a perca da saúde
física e emocional.
É
estranho ver que nas últimas décadas muitos pais tem invertido o esquema de
responsabilidades onde ao invés deles cuidarem dos filhos e os prepararem para a vida, estão criando filhos para tampar
suas aflições, frustações e ser companhia eterna lado a lado.
Em
minha opinião o problema ocorre devido a quebra do papel do pai dentro do lar,
onde deveria ser o provedor, passando a ser mais um morador sobre a
responsabilidade de um filho herói. A mãe por sua vez na ausência de um homem
dentro de casa elege um (a) filho (a) para tampar o buraco. O incrível é
perceber que hoje esta realidade ocorre em sua maioria com pais novos e com
vigor físico e o filho escolhido geralmente são homens. A crise no casamento é
um dos ocorridos quando o filho sai de casa, mas, ainda presta serviços além do
comum para os pais.
Tudo o que sai
da essência sofre consequências, então um filho que deveria ser preparado para
enfrentar a vida, sair de casa e se juntar ao conjugue e assim dar inicio a sua
história familiar, ao invés disso tenta levar uma vida de marido/esposa e filho
escolhido, acabando por não suportar a alta dose de responsabilidades e conflitos.
Os irmãos do
escolhido acabam se acostumando em não ter responsabilidade e seguem a sua
vida, sempre dependentes dos pais, seja financeiramente ou emocionalmente,
sendo sempre socorrido por eles, o que não acontece com o filho escolhido que
tem que se virar sozinho, restando somente a ele prestar assistência. Os pais
do escolhido ao ver os outros filhos em apuros já acionam o filho herói para
socorrê-los, pois afinal são os coitadinhos e fracos ou os que não tiveram as
mesmas oportunidades.
Se você se
identificou como um filho escolhido aqui vai um conselho: nunca tente convencer
seus pais sobre isso, eles não vão entender, a não ser que façam psicoterapia
ou sejam abertos para mudança, do contrário mude você e devagar devolva os
papéis que não é seu. Devolva ao pai o que é papel dele, entre eles cuidar da
mãe. Devolva a mãe o papel dela entre eles, cuidar do pai. No caso de pai ou
mãe impossibilitado fisicamente coloque os outros filhos a par de suas
responsabilidades.
Se você é um
escolhido e é casado, priorize seu casamento e use o companheirismo junto ao
conjugue para decidir quando e como ajudar os pais fazendo o papel de filho
somente. E para finalizar, invista no seu casamento e em sua saúde emocional
para que não venha selecionar um filho para ser o escolhido.
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